segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Os jornalistas e a Síndrome de Burnout

Deadline, plantão, falta de fontes, informações equivocadas, chefe mal humorado, ordens, desordens e tudo mais que envolve a rotina de um jornalista e que transforma o psicológico da gente em uma montanha russa digna do filme Jogos Mortais. Depois de sofrer inúmeras crises de estresse durante o trabalho decidi procurar um terapeuta que me ajudasse a entender os inúmeros sintomas que eu apresentava, ou achava que apresentava.

Primeiro, descobri que sou hipocondríaca. Na primeira dor de cabeça que senti na produção de uma pauta acreditei que estava sofrendo um AVC. Outro dia, depois de uma rotina cansativa na cobertura de um evento comecei a passar mal, mas muito mal. Náuseas, tonturas, calafrios. 
Meu diagnóstico: estou morrendo. E pior! Estou morrendo sem ter terminado o texto! Que incompetência a minha!

Essa sensação de ser incapaz de fazer um bom trabalho, de não conseguir fazer nada direito pode se tornar uma doença. A Síndrome de Burnout. Segundo Dejours, autor da obra “A loucura do trabalho”, essa síndrome se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional). No meu caso, eu definiria como a Síndrome do “Saco Cheio”.

Claro que não é só no jornalismo que encontramos casos desse tipo, eles estão em todas as áreas, mas acredito que é nos jornalistas que ela faz mais vítimas. Uma vírgula colocada de maneira errada em um texto e somos crucificados com a famosa frase “você é jornalista e nem sabe usar uma vírgula direito”. Para essas pessoas eu diria: Sou jornalista e não professor de gramática. Claro que em nossa profissão o mínimo que devemos ter cuidado é com a escrita, mas o cuidado maior deve ser com o leitor. Afinal, ele deve compreender o que está lendo, absorver a informação e transformá-la em conhecimento. Assim já dizia Schopenhauer.

Voltando à Síndrome de Burnout, acho que nos falta é parar de engolir sapos, levar muito trabalho para casa, fazer o que as fontes querem e baixar a cabeça para as ordens dos donos das empresas de comunicação que são empresários e não jornalistas. Precisamos acreditar na nossa capacidade e questionar os que nos questionam. Afinal, se todo mundo acha que é jornalista, a partir de hoje eu decidi que sou analista, ou quem sabe taróloga. 

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