Foi com essa frase de Euclides da Cunha que Duda Rangel iniciou o seu texto sobre as dores de ser um jornalista. Será com inspiração nesse texto que escreverei hoje. Em certo momento, Rangel defende “que as faculdades de jornalismo, além dos estúdios de rádio e TV, tenham um Laboratório da Dor, para simular sensações como a perda do emprego, da liberdade, das ilusões, dos cabelos”. Mas vamos começar pela perda da liberdade.
Nas experiências que tive estagiando em revistas, jornais e assessorias de imprensa percebi que não tive liberdade alguma para escrever um texto da forma que gostaria. Em alguns casos temos manuais de redação que nos “podam” de certa maneira, mas que são essenciais para o funcionamento do veículo. No entanto, em outros casos tive de “engolir” ordens e críticas sem argumento algum. Quando questionava, a resposta que recebia era de que a “fonte” ou “cliente” gostaria que a matéria fosse escrita de uma maneira diferente.
Muitas vezes tive vontade de retornar e-mails com texto em “caps lock” dizendo que estudei durante quatro anos para fazer o que faço. Que a fonte deve saber onde começa e onde termina o seu papel. Com certeza eu receberia outro e-mail me informando que eu deveria obedecer as ordens, já que estava sendo paga para aquilo. Não estudei quatro anos para ser uma mera reprodutora de palavras. Meu dever é para com a informação. Penso que algumas fontes precisam é de alguém que escreva a sua biografia e não que informe sobre seu trabalho.
Perdi muitas das ilusões que tinha sobre o jornalismo dentro da própria universidade. Talvez isso seja bom. Talvez isso me torne mais forte para enfrentar o mercado de trabalho. Pensando bem, devo ter trabalhado nos lugares errados ou eu era a pessoa errada para estar lá. Mas toda a experiência é válida. E chega de lamentações, pois por mais barreiras e limites que tenha enfrentado, minha paixão pelo jornalismo não diminuiu. E como disse Rangel, acredito que minha universidade possuí sim um Laboratório de Dor. Enfrentei críticas muito duras para uma estudante e se isso me desmotivou no princípio, agora me dá forças para continuar e me deu experiência para lutar pela liberdade de exercer a profissão que escolhi, que estudei para fazer o melhor trabalho possível e que me deu autonomia para rebater críticas dos que se julgam experientes na área.
Para quem quiser ler o texto do Duda Rangel: Desilusões Perdidas
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