domingo, 18 de dezembro de 2011

Guardarei em palavras

Eu acredito que boas lembranças devem ser guardadas como o mais raro dos tesouros. Não apenas na memória, mas em páginas, em fotos, em vídeos. Se possível, tudo ao mesmo tempo. As fotos vão fazer você lembrar cada detalhe do local onde esteve, o texto vai ajudar você a lembrar das palavras que vieram a sua mente quando esteve naquele local, o vídeo vai fazer você lembrar dos sons e dos gestos de tudo que estava ao seu redor naquele momento. E a memória? Aquela que fica em um cantinho do cérebro... Bom, na memória você vai guardar os sentimentos.

Arrependo-me de não ter registros em foto, texto ou vídeo de muitas coisas que vivi durante a universidade e na vida também. Minha timidez me fez perder parte da história que vivenciei com pessoas incríveis. Só me resta escrever. Escrever para tentar relembrar os momentos que tive. Já que não tenho as imagens e os sons, vou tentar descrevê-los em palavras.

Confirmada a minha classificação no vestibular, fui para São Borja confirmar a vaga na universidade. Nos quase 200km que separam minha cidade natal da universidade muitas peculiaridades. Primeiro uma ponte improvisada, feita para a passagem de trens, onde agora devem passar carros e caminhões. Ela é tão estreita que os veículos têm de atravessá-la enfileirados, assim mesmo um atrás do outro. Abaixo da ponte, estranho um amontado de areia onde na época de chuvas é um volumoso rio.  Essa ponte é o marco, para mim, de que estou me aproximando do destino final. Depois dela, apenas as plantações de soja indicam que estou cada vez mais perto de São Borja.

Lembro até hoje do primeiro comentário que fiz quando cheguei na cidade. – Que ruas estreitas! Alguns quilômetros adiante chego na praça XV de Novembro, bem no centro de São Borja. Mais uma estranheza. – Que escura essa praça! A primeira impressão que tive foi a de que não conseguiria ficar ali. A cidade toda era muito diferente do que eu estava acostumada. Ruas estreitas, comércio limitado, tudo era mais caro.
Procurei ignorar meus sentimentos e segui rumo à universidade. Chegando lá, vejo um pequeno prédio. Três andares. No hall de entrada estava escrito: Unipampa. Enfim eu estava na universidade na qual me prepararia para a profissão dos meus sonhos, o jornalismo.

 Dentro daquele pequeno prédio (que hoje tem o dobro do tamanho incial) eu senti que estava no local certo. Aos poucos foram chegando os primeiros futuros colegas. E em um curso de comunicação era óbvio que as apresentações começariam ali mesmo, no corredor. Minha primeira impressão da cidade mudou completamente naquele instante. No corredor da universidade, conversando com meus futuros colegas eu pensei. – Eles também vieram de longe, devem ter sentido a mesma coisa que eu quando cheguei aqui. Eles parecem fortes e determinados. Não vou ser covarde e voltar para o colo dos meus pais. Vou ser como meus colegas. Vou chegar até o fim.

Um comentário: