sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Quando se cria asas...

Quando se tem apenas 17 anos e precisa ir morar longe de casa para estudar, os primeiros pensamento que vem à cabeça não são os melhores. Principalmente para pessoas como eu, que são muito apegadas à família. Enquanto a maioria dos meus amigos imaginavam festas, bebedeiras e autonomia, eu me imaginava enfrentando situações muito difíceis sozinha. Eu teria de administrar o dinheiro, cuidar da casa, aprender a cozinhar e solucionar os meus problemas sem a ajuda dos meus pais.

Se formos fazer uma comparação entre as a maioria das pessoas e eu, a maioria seria uma pássaro que espera ansiosamente pelo crescimento das asas para poder voar sozinho. Eu poderia ser considerada, sei lá, um pinguim ou um pintinho, pois eu pensava que minhas asas iriam crescer, mas no fundo não serviriam para nada e eu acabaria retornando para casa.

O primeiro ano de universidade foi muito difícil. Nunca tive dúvidas em relação ao curso, mas a saudade da família era o que mais me prejudicava. Eles ficavam a menos de 200km de distância. No entanto, o meu medo de enfrentar viagens (fobia diagnosticada por médicos) fez com que eu pouco encontrasse meus familiares. Sempre me achei frágil e até medrosa em relação às outras pessoas, mas hoje me vejo como mulher forte e persistente por ter enfrentado alguns dos meus medos. Por mais que eu soubesse das minhas limitações, nunca pensei em desistir do curso e voltar para casa. Essa minha coragem me fez viver os melhores anos da minha vida.
Uma amiga uma vez me perguntou: - Tu te achas covarde por sofrer de fobias?
Respondi que sim ao que ela rebateu na mesma hora: - Não. Tu não és covarde por ter fobias, tu és muito corajosa, porque poucas pessoas teriam a tua força de vontade para vencer esses medos.

Foi com essa afirmação dela que encarei os quatro anos de faculdade. Com medos, inseguranças, arrependimentos, mas que me deram muito mais alegrias. Durante esses anos pude saborear um pouquinho de cada sonho profissional que eu tinha e ainda tenho. Estagiei em duas revistas da região, em site, em jornal... Em todos os veículos atuei na área que gosto. Enfrentei a correria do deadline, a paciência da diagramação, o acúmulo de funções (que muitos jornalistas enfrentam), ordens de chefes que muitas vezes não concordei, enfim... Eu diria que pude ter uma pequena prova do que será minha vida como jornalista.

Ao longo dos semestres fui me transformando em um pássaro, e minhas asas passaram a ter uma função. Já consigo me ver voando, o que antes era impossível. Pois é, só que agora que finalmente encontrei o valor das minhas asas tive de retornar à "gaiola". Por incrível que pareça, é mais difícil retornar ao ponto de partida do que partir pela primeira vez. Agora que experimentei o sabor da independência, se torna complicado voltar a seguir as regras dos outros.

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