sábado, 3 de março de 2012

Não evite, viva

Quando nascemos somos rodeados de pessoas que fazem o impossível para nos manter bem. Bebês e ainda frágeis, nossos pais nos cercam de cuidados e muitas vezes exageros. Não toque nisso, não faça aquilo, não fale com aquela pessoa. São coisas naturais que nos fazem sobreviver até a idade adulta. Mas e quando o exagero na infância se torna a insegurança em um adulto.

Além desse cuidado natural dos pais, ainda existem atitudes que adultos tomam e que, sem perceber, são absorvidas pela criança. Beber, fumar, tomar remédios controlados, descontroles emocionais. Como isso é visto por uma criança? A resposta pode estar mais perto do que se imagina. A resposta pode estar em suas atitudes agora.

Durante toda minha vida, viajar sempre foi algo desconfortável para meus pais. Na hora do embarque muitas discussões, empurra-empurra, medicamento para ansiedade e enjoos. Eu ainda era pequena quando comecei a desenvolver traços de fobia quando o assunto era viajar. Até hoje eu não sabia o porquê. Foi quando resolvi analisar minhas primeiras viagens que percebi que eu era o reflexo das reações de meus pais.

Durante 20 anos de viagem eu desenvolvi uma fobia de viajar. Fobia mesmo, com ataques de pânico e tudo o mais. Era extremamente difícil para eu entrar em qualquer veículo e ficar lá sentada por mais de 30 min. Isso me fez evitar muitas viagens. Muitas mesmo. Hoje, eu decidi parar de evitar o que me dá medo e me causa desconforto. Enfrentar minha defesa natural como ser humano de me afastar de tudo que me prejudica. É claro que para isso precisei de ajuda de um terapeuta, fobia não se cura do nada.

Foi quando eu parei de evitar essas situações que eu comecei a viver. Perdi muita coisa? Sim. Mas aprendi muito mais. 20 anos se foram sem a plenitude que todos os jovens esperam, mas ainda tenho nove anos (talvez) para viver intensamente. Ainda olho para os lados antes de atravessar, ainda cheiro a comida antes de comer e tenho remédio para dor de cabeça em casa, mas não dou mais passos para trás... Agora eu vivo.

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