Mais um dia. Chega ao fim mais um dia e quantas pessoas não devem estar pensando na dificuldade que foi passar por ele. E de quantas pessoas tivemos de esconder essa dificuldade. Nem todos podem entender a dor dos outros, muito menos o desespero. O que para a maioria da humanidade pode ser um dia tedioso ou proveitoso, para uma minoria ele pode ter sido muito intenso, mas no mau sentido.
Pode ser assim todos os dias, pode ser só hoje, pode ser dia sim, dia não. Mas só quem passa por essa intensidade é capaz de dizer e sentir os estragos que ela faz. Torna-os fortes passar pelas dificuldades? Talvez. Acredito que o que se ganha é experiência, sabedoria para lidar com esses momentos. Talvez não seja força o que se ganha.
Se as cicatrizes não forem para sempre, elas, pelo menos, levam anos para sumir. Nesse ponto entra a memória. Ah... O brilho eterno de uma mente sem lembranças. Você olha para as cicatrizes e lembra daqueles dias e com as lembranças vem o sentimento, a sensação. Tudo volta. Depois disso você se pega imaginando se o futuro não será igual ao passado e o desânimo o domina e você fica a um passo do desespero.
Engraçado como essas mesmas cicatrizes fazem os momentos felizes se tornarem mais intensos. Você os vive como se o mundo pudesse acabar ali e agora. Mas ninguém espera que para ser feliz intensamente, seja necessário ser infeliz intensamente. E por que os momentos felizes são tão raros? Por que se pode ser infeliz sozinho, mas é preciso ter algo ou estar acompanhado para ser feliz? Não. Não digam que é possível ser feliz sozinho. E quando digo sozinho quero que compreendam como sozinho por completo, não no sentido amoroso.
Qual é o gosto da sua comida favorita quando você a come sozinho? E quando você come cercado de amigos ou familiares?
Nunca estou sozinha, mas é como se sempre estivesse. Silêncio. É notável que todos ao meu redor passam por dificuldades, mas ninguém toca no assunto. Ninguém quer ser visto como fraco. Todos acreditam em dias melhores. Eu não consigo. No momento, eu não consigo. Então viva o presente – me dirão. É justamente o meu presente que me impede de querer o futuro.
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