sábado, 14 de abril de 2012

Nada substitui o olhar

Eu gostaria de fotografar sentimentos ao invés de pessoas. E capturar o belo ao invés do bonito. Eu gostaria de pintar, desenhar, fotografar aquilo que faça sentir.
Um sorriso deixa uma imagem bonita, mas uma risada deixa uma imagem transparecer um sentimento. Às vezes uma lágrima não transmite tristeza, embora seja essa a intenção, o que transmite tristeza é o olhar, aquele profundo, sem luz, pois o olhar não faz questão nenhuma de fingir um sentimento.
As câmeras fotográficas foram criadas com base no olhar humano, mas por mais modernas que sejam, dependem do “sentir” humano para que realmente sejam belas. Na minha opinião, a foto mais bonita é aquela em que além de termos nossas próprias sensações, é possível perceber as sensações do fotógrafo ou de quem está sendo fotografado.
Essas câmeras, e até mesmo os pincéis, podem capturar o ambiente até de forma mais bonita, mas dependem dos sentimentos de quem os possui e da sensibilidade dos que observarão o produto final para terem algum significado.
Imagens de flores são bonitas, porque as flores são bonitas. No entanto, acho mais interessantes imagens de flores feias, pois estas sim se destacam na imensidão de beleza. Quando digo flores feias, me refiro àquelas murchas, em seus últimos dias de vida e que assim como os seres humanos vão perdendo a força, beleza e destaque que possuíam antes, mas que agora possuem significado: Nada é bonito o suficiente para ser lembrado, assim como nada é feio o suficiente para ser ignorado.
Por isso eu admiro não humanos com dom para fotografia, mas fotógrafos que não perdem a sensibilidade de ser humano. De nada vale a beleza sem um significado.

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